La Gaceta De Mexico - UE condena sanções dos EUA contra personalidades europeias por regulação tecnológica

UE condena sanções dos EUA contra personalidades europeias por regulação tecnológica
UE condena sanções dos EUA contra personalidades europeias por regulação tecnológica / foto: © AFP/Arquivos

UE condena sanções dos EUA contra personalidades europeias por regulação tecnológica

A União Europeia (UE) condenou veementemente, nesta quarta-feira (24), as sanções impostas pelo governo Trump ao ex-comissário francês Thierry Breton e a outras quatro personalidades europeias envolvidas na regulamentação de empresas de tecnologia e no combate à desinformação.

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Os cinco indivíduos estão proibidos de entrar nos Estados Unidos depois que o Departamento de Estado os acusou de tentar coagir plataformas americanas a censurar pontos de vista com os quais discordam.

A Comissão Europeia declarou em comunicado que solicitou esclarecimentos às autoridades americanas e afirmou que, se necessário, o bloco responderá para defender sua autonomia regulatória contra "medidas injustificadas".

"Nossas normas digitais garantem condições seguras, justas e equitativas para todas as empresas e são aplicadas de forma imparcial e sem discriminação", acrescentou.

Breton é ex-comissário europeu para o Mercado Interno e foi quem liderou a regulamentação digital na Europa. O francês frequentemente entrou em conflito com magnatas da tecnologia, como Elon Musk, sobre a aplicação das normas da UE.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou no X que "por muito tempo, os ideólogos na Europa lideraram esforços organizados para coagir as plataformas americanas e punir os pontos de vista americanos com os quais não concordam".

"A administração Trump não tolerará mais estes atos atrozes de censura extraterritorial", acrescentou.

- "Intimidação e coerção" -

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou no X que essas medidas "constituem intimidação e coerção contra a soberania digital europeia".

A Alemanha classificou as medidas como "inaceitáveis" e o Ministério das Relações Exteriores da Espanha argumentou que ter "um espaço digital seguro, livre de conteúdo ilícito e desinformação, é um valor fundamental para a democracia na Europa".

Os europeus geralmente não precisam de visto para viajar aos Estados Unidos, mas devem obter uma autorização eletrônica de viagem (ESTA).

O Departamento de Estado descreveu Breton como "o cérebro" por trás da Lei de Serviços Digitais (DSA, sigla em inglês), legislação que impôs medidas de moderação de conteúdo e regras de proteção de dados às principais redes sociais.

"Volta a soprar um vento de macarthismo?", questionou Breton em sua conta na rede social X, em uma referência à caça às bruxas anticomunista promovida pelo então senador americano Joseph McCarthy na década de 1950.

"Um lembrete: 90% do Parlamento Europeu, eleito democraticamente, e os 27 Estados-membros aprovaram por unanimidade a DSA", acrescentou. "Aos nossos amigos americanos: a censura não está onde vocês pensam."

As outras quatro pessoas sancionadas são representantes de ONGs que combatem a desinformação e o ódio online no Reino Unido e na Alemanha.

A lista inclui Imran Ahmed, fundador do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH, sigla em inglês), que entrou na mira de Musk após a aquisição do Twitter, rebatizado como X.

Anna-Lena von Hodenberg e Josephine Ballon, da organização alemã HateAid, também são alvo da proibição. O Departamento de Estado afirmou que a entidade sem fins lucrativos tem a função de "reforçar" a DSA.

O grupo de sancionados é completado por Clare Melford, que dirige a organização Global Disinformation Index (GDI).

As sanções dos EUA "constituem um ataque autoritário à liberdade de expressão e um ato flagrante de censura governamental", afirmou a GDI em comunicado.

"Não nos deixaremos intimidar por um governo que usa acusações de censura para silenciar aqueles que defendem os direitos humanos e a liberdade de expressão", protestou a HateAid em Berlim.

Essa organização alemã oferece apoio psicológico e jurídico a vítimas de discriminação, ameaças ou ataques online.

- Ataque -

Desde que voltou à Casa Branca em janeiro, Trump promove uma ampla ofensiva contra as normas da UE sobre tecnologia que impõem regulamentações às plataformas, como a notificação de conteúdos problemáticos, que Washington considera uma violação da liberdade de expressão.

O governo dos Estados Unidos não gostou da multa de 140 milhões de dólares imposta pela UE no início de dezembro à rede social X, de Elon Musk, descrita por Rubio como um "ataque contra todas as plataformas tecnológicas americanas e contra o povo americano”.

De modo geral, Trump mantém a Europa no alvo. Em sua nova Estratégia de Segurança Nacional, o governo do republicano cita um "apagamento civilizatório" do Velho Continente.

Washington também critica, sem distinção, as instâncias europeias "que minam a liberdade política e a soberania", as políticas migratórias e até mesmo "o colapso das taxas de natalidade".

H.Jimenez--LGdM