La Gaceta De Mexico - Ucrânia comemora 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia

Ucrânia comemora 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia
Ucrânia comemora 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia / foto: © AFP

Ucrânia comemora 'avanços reais' em conversas com enviados dos EUA sobre conflito com Rússia

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou nesta segunda-feira (15) que as conversas com os enviados de seu homólogo americano, Donald Trump, em Berlim, "não foram fáceis", mas alcançaram "avanços reais" na questão das garantias de segurança para o fim da guerra com a Rússia.

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Zelensky reuniu-se pelo segundo dia consecutivo com o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e o genro do presidente, Jared Kushner, para tentar pôr fim à guerra iniciada em fevereiro de 2022 com a invasão russa da Ucrânia, com base em uma proposta apresentada pelo republicano.

O presidente ucraniano deu boas-vindas às novas garantias de segurança oferecidas pelos Estados Unidos, mas indicou que ainda há posições divergentes sobre a possibilidade de Kiev ceder territórios.

"Há questões complexas, particularmente as relacionadas ao território [...] Para ser honesto, ainda temos posições diferentes", disse o mandatário ucraniano à imprensa.

O chefe do governo alemão, Friedrich Merz, afirmou, por sua vez, que as conversas forneceram uma "oportunidade verdadeira para um processo de paz" e elogiou os Estados Unidos por terem oferecido um conjunto "notável" de garantias de segurança.

De Washington, Trump disse que faria um telefonema ainda nesta segunda-feira a Zelensky e a um grupo de líderes europeus que têm uma reunião prevista em Berlim, incluindo Merz, o britânico Keir Starmer e o francês Emmanuel Macron.

Também participarão os líderes de Itália, Polônia, Finlândia, assim como os chefes da Otan e da União Europeia.

Os Estados Unidos afirmaram que forneceram à Ucrânia garantias sólidas em matéria de segurança semelhantes às da Otan, e expressaram confiança de que a Rússia as aceitaria.

- Garantias 'realmente fortes' -

Trump aumentou a pressão sobre a Ucrânia desde que apresentou, em novembro, um plano de 28 pontos para encerrar a guerra. O projeto, no entanto, foi criticado por Kiev e seus aliados por ser favorável demais a Moscou.

Desde então, as autoridades de Kiev apresentaram uma contraproposta e Zelensky indicou que seu país estava disposto a abrir mão de seu desejo de aderir à Otan, desde que recebesse em troca garantias sólidas em matéria de segurança.

Funcionários americanos descreveram como positivos os diálogos em Berlim e afirmaram que Trump ligaria, ainda nesta segunda-feira, para promover um acordo.

Também advertiram que a Ucrânia deveria aceitar o pacto, o que proporcionaria, segundo eles, garantias alinhadas ao Artigo 5 da Otan, que considera que um ataque a um aliado é, na verdade, direcionado a todos.

"A base desse acordo é, basicamente, ter garantias realmente muito fortes — como as do Artigo 5 [da Carta da Otan] — e também uma dissuasão muito, muito sólida" por meio de armamentos, disse um funcionário sob condição de anonimato.

"Estas garantias não estarão sobre a mesa para sempre", acrescentou.

Trump já descartou a entrada formal da Ucrânia na Otan e alinhou-se a Moscou ao qualificar as aspirações de Kiev de aderir à aliança como uma razão para a invasão russa.

Merz assinalou, por sua vez, que qualquer cessar-fogo deve estar "respaldado por garantias legais e materiais substanciais por parte dos Estados Unidos e da Europa, que os Estados Unidos colocaram sobre a mesa aqui em Berlim em termos de garantias legais e materiais".

"Isto é realmente notável. Trata-se de um passo muito importante, que acolho com grande satisfação", afirmou.

- Putin 'quer território' -

Quanto às conversas com a parte americana, Zelensky afirmou que "nunca são fáceis", mas que foram "produtivas".

Um funcionário próximo às negociações disse à AFP que os negociadores americanos continuam exigindo que a Ucrânia abandone a região do Donbass, formada pelas províncias de Luhansk e Donetsk —, uma linha vermelha para Kiev.

A Rússia controla quase toda Luhansk e cerca de 80% de Donetsk, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede nos Estados Unidos.

O presidente russo, Vladimir Putin, "quer território", destacou essa fonte. "Os americanos dizem que a Ucrânia 'deve recuar', o que Kiev rejeita", acrescentou, afirmando, ainda que "é bastante surpreendente que os americanos adotem a postura dos russos nessa questão".

Trump considerou inevitável que a Ucrânia cedesse território à Rússia, um resultado inaceitável para Zelensky após quase quatro anos de guerra.

A Rússia assinalou que insistirá em suas exigências fundamentais, entre elas as relativas ao território e ao fato de a Ucrânia jamais se juntar à aliança militar do Atlântica Norte.

O Kremlin indicou nesta segunda-feira que espera que Washington o informe sobre os resultados das conversas em Berlim.

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Y.Suarez--LGdM